A inteligência artificial (ou simplesmente IA) é um sistema computacional que busca imitar o raciocínio humano, ou seja, capaz de tomar decisões de maneira autônoma. Sua principal diferença para os códigos tradicionais é o aprendizado, o uso de dados históricos para decidir qual caminho seguir.
Para trazer ainda mais poder e independência a estes sistemas surgiu a Web 3.0, uma nova internet onde usuários conseguem interagir sem depender de intermediários centralizados. Essa revolução inclui o uso da tecnologia blockchain e sistemas descentralizados, porém, ainda se encontra em estágio inicial.
Quer entender o que é inteligência artificial, ChatGPT e como essa revolução está transformando a Web 3.0? Siga a leitura com o Mercado Bitcoin (MB).
O que é inteligência artificial (IA)?
Inteligência artificial (artificial intelligence) é uma disciplina ampla, um sistema computacional que vai além da execução de ordens específicas. Desse modo, consegue tomar decisões e alterar seu comportamento conforme a cada situação.
A grosso modo, a inteligência artificial é a capacidade das máquinas de imitar o raciocínio lógico humano, que decide quais caminhos seguir conforme a necessidade. Esse aprendizado se baseia em machine learning e possui sua própria lógica para atualizar o conhecimento e resolver os problemas de maneira otimizada.
Os resultados dessa inovação estão surgindo a cada mês com o lançamento de novas ferramentas, incluindo Midjourney, ChatGPT, Soundful, entre outros. São aplicações que muito facilitam a vida de criadores de conteúdo, desenvolvedores, e, mais importante, melhoram a experiência dos usuários em diferentes áreas.
Em suma, inteligência artificial é uma habilidade de aproveitar determinada solução, adaptando e aplicando este modelo em outro problema.
O que é Web 3.0?
Web 3.0 é a internet baseada em sistemas descentralizados, ou seja, que tira o controle sobre os dados dos usuários das mãos das grandes empresas de tecnologia. Na prática, utiliza a tecnologia blockchain para garantir a privacidade e propriedade das informações.
Por exemplo, uma rede social da Web 3.0 não consegue censurar mensagens ou bloquear o acesso de determinado usuário. Ao trabalhar com smart contracts, os contratos programáveis, esse mecanismo assegura regras de utilização claras e imutáveis, independente da vontade de empresas e governos.
Como a inteligência artificial participa da Web 3.0?
Inteligência artificial é um conjunto de diversas tecnologias, mais precisamente sistemas de aprendizado que emulam redes neurais através de algoritmos — machine learning. Se pensarmos nessa ferramenta como um método de autoaprendizado para sistemas, é possível imaginar diferentes usos na internet descentralizada Web 3.0.
Resolvendo o problema da escalabilidade
A inteligência artificial pode ajudar a resolver o problema da escalabilidade, a capacidade de lidar com grandes bancos de dados. Ao utilizar sistemas para prever quais informações determinada aplicação Web 3.0 pode necessitar, esse mecanismo reduz o tempo necessário para consulta no blockchain.
Prevenindo ataques
Por mais experientes que sejam os programadores ou o desenho das rotinas de salvaguardas, é quase impossível evitar brechas em sistemas complexos como as finanças descentralizadas (DeFi). Essas aplicações financeiras da Web 3.0 executadas por smart contracts são vulneráveis aos hackers, portanto a inteligência artificial pode continuamente realizar testes e melhorias para antever falhas.
Protocolos inteligentes
Existem aplicações descentralizadas que trouxeram inovações antes impossíveis de se realizar nos meios tradicionais. Por exemplo, os itens digitais exclusivos dos jogos com blockchain, registrados no formato de token não-fungível (NFT). Um protocolo Web 3.0 usando inteligência artificial poderia realizar empréstimos ou depósito remunerado (staking) desses ativos de forma automática.
Privacidade de dados
Um dos maiores benefícios da Web 3.0 para os usuários é o controle de seus dados pessoais, algo que jamais deveria ficar nas mãos de empresas centralizadas. O risco de vazamento ou uso incorreto de informações sensíveis é eliminado com o uso de ferramentas de “prova de conhecimento Zero (ZK)”, embora esta tarefa seja mais facilmente executada por algoritmos — justamente a área onde a inteligência artificial é extremamente eficiente.
Como funciona a inteligência artificial (IA)?
A inteligência artificial funciona através de códigos de programação baseados em funções matemáticas. Dessa forma, a IA equivale a uma máquina com a capacidade de analisar uma grande quantidade de dados utilizando um programa que evolui constantemente.
A maneira que esse mecanismo analisa dados irá depender da finalidade e da abordagem necessária para cada consulta. Se baseia em grandes volumes de dados e algoritmos inteligentes, machine learning, permitindo ao sistema interpretar padrões e informações para aprender por conta própria. Quanto mais a IA for retro-alimentada com dados a partir de novas interações, melhor tende a ser o resultado entregue. Pode-se dizer que a inteligência artificial é baseada na própria experiência humana, pois é a partir desse registro histórico disponível que o software extrai as informações que considera relevantes.
O que é machine learning, ou “aprendizado de máquina”?
Machine Learning é um subcampo da Inteligência Artificial que se ocupa do desenvolvimento de algoritmos. Em outras palavras, funciona ensinando às máquinas como aprender a partir de grandes quantidades de dados para encontrar padrões e aprender com esses padrões.
Lembra que falamos da capacidade da inteligência artificial de buscar informações que considera relevantes para atualizar seu próprio software?
Machine Learning traz o aperfeiçoamento sem intervenção humana com sistemas que buscam dados e experimentam novos padrões em cada tomada de decisão. Permite a AI otimizar a solução ao longo do tempo, adaptando o conhecimento para cada situação ao invés de sempre retornar a mesma resposta. Em suma, o mecanismo de “aprendizado de máquina” oferece capacidade de entrada de novos dados conforme seu uso, e através desse feedback, permitem projeções e desenvolvimento de modelos para aprimorar o resultado futuro.
Onde a inteligência artificial pode ser aplicada?
Agora que você entendeu o que é Inteligência Artificial, como funciona, e sua relação com a Web 3.0, vamos conferir algumas das aplicações desta tecnologia em diferentes segmentos, com exemplos de uso no dia a dia.
Detecção de fraude e segurança
Mecanismos de biometria e detecção de fraudes aumentam a qualidade dos serviços, reduzindo as chances de ataques, incluindo o uso indevido de sistemas. Ao notar alterações no padrão de utilização, ferramentas aprimoradas por AI são infinitamente mais capazes de detectar fraudes em tempo-real. O rastreamento de suspeitos por câmeras de segurança é outra aplicação facilmente otimizada por uma enorme base de vídeos e dados históricos.
Assistente pessoal e predições
Sistemas equipados com inteligência artificial conseguem prever o comportamento humano mesmo sem acessar qualquer dado pessoal do usuário. Por exemplo, ao determinar o horário de uma busca no aplicativo, o software pode priorizar resultados em funcionamento naquele instante. Muito além do Siri ou Alexa, esses sistemas de predição se alimentam com informações das mais diferentes áreas para otimizar a resposta segundo a necessidade de cada usuário.
Criação de conteúdo
Engana-se que computadores são incapazes de criar textos, imagens, músicas ou vídeos envolvendo cenas e emoções complexas. Ao se basear nos registros disponíveis em seu crescente banco de dados, a AI consegue detectar o que torna uma música romântica, ou que expressões humanas denotam compaixão. Esses sistemas criam conteúdo autêntico, e muitas vezes surpreendentes até para experts em suas áreas. Não acredita? Abaixo trazemos exemplos de aplicações 100% funcionais utilizando inteligência artificial.
O que é ChatGPT, Midjourney e Soundful?
Essas aplicações de IA obtiveram grande sucesso nos últimos meses ao replicar o poder de criação humano. Sua surpreendente capacidade de originar idéias e relacionar conhecimentos aparentemente sem relevância fez com que a comunidade repensasse o potencial da tecnologia.
ChatGPT: respostas para qualquer pergunta
ChatGPT, ou “Transformador Generativo Pré-treinado”, é uma ferramenta que gera conteúdos escritos em linguagem fluente, sobre basicamente qualquer tema — do mais óbvio até algo filosófico ou sem necessidade de pensamento racional. Esse sistema, que recebeu um aporte bilionário da gigante de tecnologia Microsoft, consegue compor poemas, elaborar roteiros de viagem, redigir pautas acadêmicas, ou desenvolver linhas de código computacional em poucos segundos.
Midjourney: imagens com qualidade fotográfica
Em poucas palavras, Midjourney é um gerador de imagem baseado em pedidos solicitados através do Discord, que podem incluir uma lista de palavras, a descrição de uma cena, ou mesmo outra imagem como ponto de partida. Esses comandos de texto são interpretados e consultados na enorme base de registros, para então renderizar maravilhas que encantam por sua criatividade e capacidade de despertar emoções.
Soundful: músicas para uso doméstico e profissional
Soundful é uma plataforma que cria trechos musicais de diferentes gêneros para uso em gravações de estúdio, podcasts, aplicativos, ou trilhas sonoras de vídeos. Elementos como o tempo e o tom podem ser facilmente customizados, e o melhor de tudo, sem necessidade de pagamento de royalties. Dentre seus investidores estão a Universal Music, Disney e Beatport.
A inteligência artificial vai substituir os humanos?
“No man is better than a machine, and no machine is better than a man with a machine”.
Tradução livre: “Nenhuma pessoa é melhor que uma máquina e nenhuma máquina é melhor que uma pessoa com uma máquina”.
— Richard Bookstaber, professor no MIT economics, em seu livro “The End of Theory”.
Embora na ficção científica seja comum atribuir características de humanos aos robôs capazes de processar uma gigantesca nuvem de dados e replicar nosso raciocínio, estes sistemas são — ao menos por enquanto — incapazes de nos substituir.
Isso porque o objetivo da inteligência artificial é melhorar as habilidades e contribuições humanas, ou seja, trabalhando em conjunto com nossas demandas e necessidades.
Conforme a evolução desses sistemas, é provável que a própria necessidade da entrada de dados, o pedido ou ordem de execução, seja automatizada, eliminando por completo a necessidade de intervenção humana.
Não se trata de substituir as pessoas em determinados trabalhos, e sim em automatizar rotinas — como fazer o input de dados, pedido ou ordens de execução — para que os humanos se dediquem a atividades onde sua genialidade e capacidade cognitiva se diferenciam das máquinas.
Desafios e oportunidades da utilização de inteligência artificial
A utilização cada vez mais popular é um setor extremamente promissor. Por outro lado, enfrenta alguns desafios. Abaixo citamos alguns destes desafios que limitam o uso da inteligência artificial no curto prazo.
Qualidade dos dados
Mesmo que existam informações públicas, a forma que os aplicativos acessam esses dados e como os organizam pode comprometer o resultado do produto final. Como saber se estes foram corrompidos, coletados de maneira incorreta ou catalogados fora de ordem? Não é incomum encontrar na internet relatos de pessoas que utilizaram o ChatGPT para formular textos inteiros cujas informações foram baseadas em referências que nem sequer existem — foram inventadas pelo aplicativo.
Ausência de uma entidade responsável
Como proceder caso você se sinta lesado por um material criado pela inteligência artificial, seja pelo uso indevido de imagem, do conteúdo autoral, ou até mesmo de citações negativas por essas ferramentas? Como definir quem é o autor desse material para fins legais ou de responsabilidade cível? Essas questões devem ser bem esclarecidas para evitar conflitos indesejados de operações autônomas.
Como utilizamos inteligência artificial no MB?
O MB conta com uma equipe de Data Science para o desenvolvimento de modelos de aprendizado de máquina e inteligência artificial em escala. Esses modelos compõem soluções que geram resultados para diversas áreas da empresa.
De forma específica, os resultados obtidos por meio dos sistemas de IA desenvolvidos auxiliam nas tomadas de decisão da empresa e nas propostas de novos produtos para melhoria da experiência dos nossos clientes.
Nesse contexto, por exemplo, os modelos de inteligência artificial desenvolvidos realizam a tarefa de segmentação de clientes a partir de seus interesses, de modo que possam ser direcionados os produtos e serviços mais interessantes para cada perfil. O mundo cripto é dinâmico e, com isso, as segmentações devem acompanhar essas mudanças. A inteligência artificial é uma peça chave nesse ponto em função da escala e da dinâmica de mercado.
Outra área em que a IA também é explorada, é o desenvolvimento de algoritmos para detecção de fraudes — um dos primeiros projetos da equipe de Data Science no MB.
Atualmente, esses algoritmos trabalham em conjunto na busca de detecção de padrões que levem ao comportamento suspeito na plataforma.
Segundo Breno Brito, Cientista de Dados do MB, “É muito difícil de prever o que um atacante pode fazer para realizar uma fraude. Podemos sempre catalogar e criar novas regras, mas um fraudador vai descobrir novas formas de burlar essas regras. Este é um ótimo caso de uso para o aprendizado de máquina, pois não é preciso definir regras explícitas, o modelo procura por padrões e encontra anomalias, mesmo que sejam completamente inovadoras.”
Breno acrescenta que usando essa nova informação, conseguem detectar comportamentos que dão indício de fraudes, mesmo quando não havia nenhuma instrução para a inteligência artificial procurar este padrão. “É nessa hora que nossa equipe de especialistas humanos recebe o sinal de suspeita, averigua os comportamentos estranhos e decide se intervém ou não”, afirma Breno.
Esse é um tema de relevância no mercado e, desse modo, a prevenção e o combate às fraudes contribui para a proteção no mundo cripto.
Perspectivas futuras para a inteligência artificial e a Web 3.0
Com o avanço da inteligência artificial e do próprio aprendizado do machine learning, será possível entregar experiências personalizadas segundo o perfil e necessidades de uso. Na Web 3.0, isso não é diferente, embora o usuário seja responsável por seus dados, definindo quem acessa suas informações pessoais, histórico de navegação, e login de acesso.
Complementando a indústria do metaverso
É natural que o metaverso, a realidade virtual integrada com o universo físico, tenha rotinas aprimoradas por IA — algumas vezes de forma imperceptível, como nas ferramentas de busca, porém em outros casos oferecendo um modelo onde cada usuário seleciona se deseja deixar funções a cargo de sistemas autônomos preditivos. Essas inovações poderiam, por exemplo, trazer as informações e opções mais utilizadas ao explorar novos terrenos ou aplicativos nestes universos.
Redução no custo e tempo de desenvolvimento
Pense na indústria de jogos, que atualmente necessita de uma equipe de ilustração, animação, som, e conhecimento em diferentes áreas para integrar a tecnologia do blockchain e NFT. Com a inteligência artificial, muitas destas áreas podem ser semi-automatizadas, ou seja, facilitando o processo de criação e efetiva entrega. Essa mudança reduz o custo do lançamento de jogos com alta qualidade e recursos de co-participação na Web 3.0.
Privacidade no uso de aplicativos descentralizados
Exemplos dessa integração da inteligência artificial na Web 3.0 podem incluir soluções de privacidade, ocultando de forma automática eventuais rastros deixados pelo usuário ao utilizar aplicações controladas por smart contracts com registro no blockchain. De qualquer maneira, são várias as vertentes aonde a IA pode otimizar a experiência de uso de sistemas descentralizados.
Ficou claro como a inteligência artificial, e suas ferramentas ChatGPT, Midjourney, e Soundful se integram perfeitamente na Web 3.0 para aprimorar o desenvolvimento e experiência de uso? Agora é só começar a usar.
Publicado no Mercado Bitcoin em 05 maio de 2024.